O ESPAÇO

PAISAGEM, ASSENTAMENTO E ARQUITETURA

Quando chegamos pela primeira vez na terra do Amaranto, nos defrontamos com uma paisagem lindíssima que se estende da casa sede em direção ao Oeste, primeiro por uma mata ciliar onde descobrimos nossa mina d’água, e depois através de vales e morros que se perdem no horizonte.

Atrás de nós, à Leste, uma encosta íngreme com mata nativa parece nos abraçar e proteger, colocando-nos no centro de um anfiteatro natural, no colo da serra, onde somos espectadores da fauna, da flora, das trajetórias aparentes do Sol, da Lua e das estrelas.

Ao Sul o bananal, e em seguida a divisa com o vizinho cuja terra está convertida em pasto, o que outrora deveria ter sido a continuidade da nossa floresta.

Olhando para o Norte descortinamos em primeiro plano o pomar, e a seguir o antigo pasto desta propriedade, onde algumas espécies precursoras tentavam recompor a mata.

Foi nesta área mais degradada, mas que também é contemplada com aquela surpreendente vista, que resolvemos implantar a vila de casas dos futuros habitantes do Amaranto. Foram feitos vários estudos de ocupação por meio de lotes, até que se chegou a conclusão de que nossa intenção não era parcelar o solo, mas mantermos a integridade da área.

Assim, partimos para um formato jurídico de associação, em vez de loteamento ou condomínio, onde cada cota tem o direito de uso de um local para construção de sua casa, sem que haja divisas, cercas, mas apenas o compromisso dos vizinhos de estabelecer entre eles até onde cada um cuidará da terra. Este limite será definido por algum elemento natural, como uma árvore, uma pedra, um barranco. Piquetes em número de 20 foram colocados nesta área, determinando a localização possível de cada casa.

Vilarejo Amaranto - Mapa

Área 15,38 hectares, sendo aproximadamente 50% de mata nativa

Estas habitações, algumas já construídas, ou ainda em construção, deverão respeitar o conceito de menor impacto ambiental, e do uso de tecnologias alternativas, para que a presença humana tenha uma mínima interferência no ambiente natural.

Materiais extraídos do próprio local, como pedras para o alicerce e terra para a confecção de tijolos de adobe e reboco, foram utilizadas nas casas. No telhado vivo que serve de cobertura para a primeira casa foram plantadas mudas de boldinho, espécie que se alastra ali nas proximidades. As madeiras da obra são todas de reflorestamento ou de reciclagem, evitando-se assim o estímulo ao desmatamento de florestas virgens.

O tratamento de esgoto é realizado de maneira totalmente biológica, através da separação dos efluentes do sanitário, e daqueles das águas cinzas, o que permite que a eliminação dos microrganismos nocivos seja feita por degradação. O efluente final é lançado numa zona de raízes que o absorvem, não deixando que este percole e polua o lençol freático.

A água para o banho é aquecida através de placas solares, ou através de uma serpentina de um pequeno fogão a lenha. Num futuro muito próximo pensamos em adotar a energia foto voltaica para o suprimento da iluminação e de aparelhos eletrônicos, reduzindo, ou até eliminando, o abastecimento pela rede pública.

É convicção nossa de que desta forma ficaremos em paz conosco mesmos, e com a comunidade de Vida no Planeta.